A Ineficácia do Governo
e
a Lei de Wilcoyote
(Que queremos nós:
a “democracia”
ou o bom Governo?)
A multiplicidade de
manifestações anti-governo que ocorrem nas ruas e os constantes
apupos ao primeiro ministro, quando este se atreve a sair em
público, demonstram, parece-me bem, que os governantes actuais,
que a si mesmos se chamam democratas, não sabem o que é a
democracia. ‘Ministro’ quer dizer ’servidor’. Um ministro em
monarquia serve o rei. Um ministro em democracia serve o Povo.
Portanto, em democracia, os ministros não se podem armar em
mandões, e têm que prestar atenção séria às manifestações e aos
apupos da população. Algo está mal. E o que está mal nos nossos
governantes, assim chamados, é a sua política, contra a qual o
Povo reage, e a sua atitude que muito o irrita.
Mais ainda: este
governo aceitou ser eleito por maioria do Povo, mas não aceita
submeter ao Povo em referendo a questão da entrada do nosso país
na ’União Europeia’. Que quer isto dizer? Que os governantes
eleitos se serviram do Povo, mas não o estimam, nem nele
confiam. De resto, o que se torna evidente é que este governo
não serve o Povo, mas serve a plutocracia que comanda a ’União
Europeia’. A questão dos 3%, com que o ministro das finanças ou
da economia se tem tanto preocupado, é um requisito de
Maastricht, e custe o que custar ao Povo, ele tem de obedecer a
essa plutocracia, como pau mandado que parece ser — ele ou o
primeiro ministro. Em resumo, a nossa “democracia” não é
democracia.
Mais ainda: essas
manifestações e esses apupos, o primeiro ministro os tem
atribuído aos “comunistas”. Primeiro, os comunistas, com os seus
cerca de 10% de força eleitoral, não têm força suficiente para
tantas manifestações hostis. Segundo, mesmo que a tivessem, os
comunistas numa democracia também são gente respeitável, ou não
são? Quem não os respeita como força política não é democrata.
A questão é que estamos
todos, dum modo geral, descontentes com esta pseudo-governação.
Há os que a defendem, sem dúvida: aqueles bem colocados no
sistema e que dele tiram vantagem.
A democracia tem
falhado redondamente, ao que parece em toda a parte. Falhou a
monarquia, falhou a democracia, falhou o socialismo, falhou o
comunismo, falhou o capitalismo. Que quer isto dizer? Que todos
os sistemas políticos ensaiados desde a Revolução Francesa e o
Iluminismo, que tanto apregoaram de Igualdade, Liberdade e
Fraternidade, não conseguiram até hoje criar nem Liberdade, nem
Igualdade, nem Fraternidade, pelo menos em grau aceitável por
todos os governados. Continua a haver os que têm uma liberdade
escandalosa e outros limitações impeditivas de todos os géneros.
Continua a haver os Ricos abusadores e os Pobres forçados.
Continua a medrar o ódio, a inveja, a falta de caridade entre as
pessoas. Parece, e há quem o diga, que o ser humano não só é
imperfeitíssimo, como também é incapaz de se contentar por muito
que se lhe dê. Então acabemos com a democracia e toda a
hipocrisia que ela encerra, e vamos para um regime autoritário,
que não deixe as pessoas exorbitarem. É uma solução, mas
evidentemente é uma solução que não agrada, embora talvez não
fosse tão má como a anarquia malcriada e democrática em que
vivemos. Que fazer? Pergunta recorrente que certamente muitos
políticos fizeram, como fez Lenine: “Chtó dêlat?”.
A resposta pode
encontrar-se no artigo italiano traduzido parcialmente nos LUSOs
532 e 534 “A Lei de Wilcoyote”.
Capitalismo e
Comunismo, por muito antagónicos que pareçam, são irmãos com a
mesma idiossincrasia: são ambos materialistas. E ambos põem
ênfase no “trabalho”. A constituição comunista, pelo menos no
tempo de Estaline, tinha um parágrafo que dizia: ‘Kto nê
rabótaet, tot nê est’ ” (Quem não trabalha, não come). Os
capitalistas, se não têm este preceito devidamente exarado na
Constituição, têm-no firmemente encasquetado na mente: ’quem não
trabalha não ganha para comer e morre de fome, a não ser que
mendigue pelas ruas ou roube as lojas de noite’. Isto é justo?
Isto é humano? Um ser humano que nasce tem o direito à vida e a
situar-se nela como digno que é, porque filho de Deus.
“Não andeis, pois,
inquietos, dizendo: que comeremos, ou que beberemos, ou com que
nos vestiremos? ... Decerto vosso pai celeste sabe bem que
necessitais de todas estas coisas; mas buscai primeiro o reino
de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão
acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã,
porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo ...” (S. Mateus
6:31-34).
O autor italiano do
citado artigo, “A Lei de Wilcoyote”, faz-nos indirectamente
menção destas palavras de Cristo. Nunca como hoje estivemos tão
perto, parece, de realizarmos de modo prático os ensinamentos
de Cristo no respeitante à sobrevivência material dos seres
humanos, apesar do medo generalizado, da ameaça duma hecatombe
mundial, e da incompreensão geral. Quando os financeiros, não há
muito tempo na história da humanidade, tornaram o dinheiro-papel
totalmente independente duma cobertura em metal sonante, eles
julgaram estar a enfiar um barrete aos pobres tolinhos crédulos
que nós geralmente somos. Mas enganaram-se: eles prestaram-nos
um serviço inestimável, provando que o dinheiro tem uma vida
independente dos bens materiais. O dinheiro é papel,
intrinsecamente nada vale, pode ser fabricado a baixo custo e
de modo teoricamente ilimitado e distribuído às populações e
circular como instrumento mágico que permite a todos
adquirirem aquilo de que necessitam. O que significa o fim da
miséria forçada no mundo. E daí nasce o conceito misericordioso
e divino do rendimento de cidadania, que faz, em termos
práticos, a igualdade, a liberdade e a fraternidade possíveis e
pragmáticas. Acaba-se com a mendicidade, com a escravatura, com
a luta de classes, com a injustiça gritante existente entre
ricos e pobres. Desaparece o comunismo e o capitalismo, embora
certamente continuará a luta eterna entre os fracos e os
poderosos que com muita dificuldade se verão privados dos seus
escravos. E tudo farão para desacreditar um sistema de justiça
que nunca fora experimentado na História.
Mas a Vida é uma luta
constante, e vale a pena tentar fazer deste século e deste
milénio, a era da Ressurreição de toda a Humanidade.
Estou a ouvir, desde os
financeiros aos sacerdotes, desde os ricos aos pobres, desde os
escravos que sacrificam a vida inteira com um labor insano que
enriquece os exploradores da credulidade e do medo humanos:
“ISSO NÃO É POSSÍVEL!”. Como não é possível, se nunca foi
experimentado? E não valerá a pena experimentar?
Haja coragem! Haja generosidade!
HAJA DEUS!!!
A História não acabou, e serão os corajosos,
os generosos, os tementes a Deus, que a hão de continuar!!!
DEUS SUPER OMNIA.
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