As Flores da Galileia
Israel Shamir
Quando em 1543, as naus
portuguesas empurradas pela monção se aproximaram das costas
japonesas, os marinheiros nem criam no que seus olhos viam. Era
um dia quente de primavera e a ilha tropical que se aproximava
estava coberta dum manto de neve. Eles presenciavam uma das
verdadeiras Sete Maravilhas do Mundo: as flores de sakura, a
cerejeira brava do Japão. Quando o céu benevolente concede esta
dádiva sazonal à terra, o japonês esquece mulher e filhos,
deveres, patrão e contas; senta-se sob as árvores, bebe saké e
escreve poemas curtos e penetrantes como espadas.
É por isso que nestes
dias, deixando para trás as preocupações causadas pelos homens,
eu me sento debaixo da nuvem branca de uma árvore e admiro as
lindas flores de amendoeira brancas e rosadas, que cobrem as
colinas da Galileia. Estas belas flores são a nossa versão da
sakura japonesa, e uma oportunidade para mergulhar na
contemplação da natureza. Um aroma melífluo paira no ar; o céu é
de cristal azul. Malmequeres amarelos dançam na luxuriosidade do
verde, misturados com ciclâmens violeta e vermelhas anémonas. O
glorioso pano de fundo é fornecido pela enorme massa de neve do
Jabal ax-Xheikh (Monte do Xeikh — Monte Hermon). A Palestina é
uma irmã do Japão. Estas duas terras montuosas são o lar de
montanheses teimosos, dedicados aos seus costumes e tradições.
Com todas estas
semelhanças de paisagem há contudo, diferenças. O monte em que
nos sentamos, todo branco como as espumas de Jaffa, é a ruína de
uma aldeia. Se estivéssemos no Japão, ela rumorejava de vida. A
aldeia de Birim está, porém, morta desde há cinquenta anos, mas
ainda é bela na morte, como Ofélia flutuando na corrente do
ribeiro, na pintura pre-rafaelesca de Millais. Não foi arruinada
pela guerra. Os seus habitantes cristãos foram expulsos das suas
casas bem depois da guerra de 1948. Foram intimados a
abandoná-las numa semana ou duas, por razões de “segurança”.
Não tiveram outra opção senão acreditar nos oficiais israelitas
e irem-se embora. A aldeia foi dinamitada, a sua igreja rodeada
de arame farpado. Recorreram ao tribunal israelita, ao governo
israelita, nomearam comissões e assinaram petições. Tudo sem
quaisquer resultados. Desde então, durante estes cinquenta
anos, têm vivido nas aldeias vizinhas e aos domingos eles
continuam a visitar a sua igreja. As suas terras foram
confiscadas pelos vizinhos judeus, mas eles continuam a trazer
os seus mortos a enterrar no cemitério da igreja, sob o sinal da
cruz.
Até à chegada do
exército israelita, esta aldeia arruinada com sua igreja
desamparada era o lar dos cristãos rurais de Birim que, durante
os séculos do domínio muçulmano, viveram em paz com os seus
vizinhos islâmicos de Nebi Yosha e com a velha comunidade
judaica sefárdica da vizinha Safed. Esta pequena Guernica da
Galileia pode só por si minar o mito de uma civilização
“judeo-cristã” oposta a um “monstruoso” Islão. Este mito é a
base da fundação do movimento Cristão-Sionista, entre cujos
fanáticos apoiantes encontramos um amigo de Mark Rich (1),
recentemente cunhado cidadão de Nova Iorque, W. J. Clinton.
Os problemas do Médio
Oriente são bastante feios mesmo sem a difamação dos muçulmanos.
Os panditas pró-Israel do New York Times citam os
versículos de enregelar o sangue a respeito da Jihad, recontam
as velhas tradições das perseguições e guerras religiosas, para
“provarem” a crueldade e a intolerância do Islão. E são
repetidos por uma simpática senhora da classe social superior
judaica de Londres, Barbara Amiel. Sotto voce, ela
escreve a respeito do “exclusivista” Islão e da “moderação”
judaica. A fim de excitar o ódio, o lobby israelita puxa por
todos os cordelinhos. Antes da fundação de Israel, os xeiques
árabes eram apresentados como heróis românticos em filmes
interpretados por Rudolfo Valentino. Hoje em dia, os produtores
pró-Israel de Hollywood rodam filmes de propaganda a respeito de
terroristas muçulmanos de barba mal feita com a subtileza de
Edward D. Wood, Jr. (2). Este novo preconceito é amplificado cem
vezes pelo Congresso Cristão Sionista, que pretende “proteger os
cristãos da Palestina contra a perseguição muçulmana (?!)”. Esta
gente obviamente nunca viu as ruínas de Birim.
Chega-me às mãos outro
e-mail, desta vez de Gaza. Uma moça americana, Alison
Weir, de São Francisco, escapada às balas israelitas, conforta
as amedrontadas crianças palestinas, e escreve: “O problema é
quando se sabe a verdade, demasiadamente cruel e demasiadamente
oposta ao que estávamos acostumados a pensar e que toda a gente
ainda pensa poder exprimir. A mentira é demasiadamente grande, a
repressão total, a vida dos Palestinos é horrível para descrever
razoavelmente.”
Bem, Alison tem razão.
Nós enfrentamos uma enorme mentira, um libelo de sangue contra
o Islão, e é tempo de o denunciar e eliminar Não penso que os
problemas do Médio Oriente tenham a ver com a religião. Mas, se
os apoiantes de Israel querem despertar o adormecido fantasma da
intolerância para incitarem os cristãos contra os muçulmanos,
então analisemos a questão.
Se estes Sionistas
Cristãos se importam com Cristo, e não apenas por Sião, que eles
aprendam o que muçulmanos e judeus sentem em relação a Cristo.
Rami Rozen expressou a tradição judaica num longo artigo no
jornal israelita Haretz: “Os Judeus sentem em relação a Jesus o
mesmo que sentiam no século IV ou na Idade Média... Não é medo,
é ódio e desprezo”. “Durante séculos, os Judeus esconderam dos
Cristãos o seu ódio a Jesus, e esta tradição continua viva ainda
hoje”. “É revoltante e repulsivo”, disse um importante pensador
religiosos judaico. Rozen escreve que esta “repulsa passou dos
judeus praticantes ao povo israelita em geral.”
Na véspera de Natal,
segundo um relato no jornal de Jerusalém, Kol Ha-ir, os Hassids
(3) habitualmente não lêem livros sagrados, o que poderia salvar
Jesus do castigo eterno (o Talmude ensina que Jesus ferve no
Inferno). Este hábito estava a morrer, mas os Hassids de Habab,
nacionalistas fanáticos, deram-lhe nova vida. Ainda me lembro
dos velhos judeus cuspindo quando passavam por uma igreja, e
lançando pragas sobre os mortos ao passarem por um cemitério
cristão. No ano passado, em Jerusalém, um judeu decidiu
refrescar a tradição. Cuspiu sobre o Crucifixo, levado na
procissão ao longo da cidade. A polícia salvou-o de trabalhos,
mas o tribunal multou-o em $50, apesar dele alegar que apenas
fizera um dever religioso.
No ano passado, o maior
tablóide israelita Yedioth Aharonoth reeditou na sua biblioteca
o anti-Evangelho judaico Toledoth Eshu, compilado na Idade
Média. É a sua terceira edição, incluindo uma num jornal. Se o
Evangelho é o livro do amor, Toledoth é o livro do ódio a
Cristo. O herói do livro é Judas. Ele captura Jesus, poluindo a
Sua pureza. Segundo o Toledoth, a concepção de Jesus foi em
pecado, os milagres de Jesus foram feitiçarias, a Sua
ressurreição um truque.
Joseph Dan, professor
de misticismo judaico na Universidade Hebraica, escrevendo a
respeito da morte de Jesus, afirmou: “ Os modernos apologistas
judaicos, adoptados com hesitação pela igreja, preferiram
atribuir a culpa aos romanos. Mas o judeu medieval não foi
nisso. Ele tentou provar que Jesus tinha de ser morto, e estava
orgulhoso de O ter morto. Os Judeus odiavam e desprezavam Cristo
e os cristãos”. Na verdade, acrescenta o prof. Dan, há pouco
espaço para a dúvida de que os inimigos judeus provocaram a sua
execução.”
Ainda hoje, os judeus
em Israel referem-se a Jesus rebaixando-o com a palavra Yeshu
(em vez de Yeshua), que quer dizer: “Pereça o seu nome”.
Argumenta-se correntemente, se foi o Seu nome que se tornou uma
praga, ou o contrário. Com um trocadilho semelhante, o Evangelho
é chamado “Avon Gilaion’, o livro do Pecado. São estes os
sentimentos por Cristo dos amigos dos Cristãos Sionistas.
E quanto aos
muçulmanos? Os muçulmanos veneram Cristo. Chamam-Lhe “A Palavra
de Deus”, “Logos”, Messias, o Profeta, e é considerado “um
Mensageiro de Deus”, do mesmo modo que Abrahão, Moisés ou Maomé.
Muitos capítulos do Corão contam a história de Jesus, o Seu
nascimento virginal e a Sua perseguição pelos Judeus. A Sua
Santa Mãe é admirada, e a Imaculada Conceição é um dos dogmas do
Islão. O nome de Cristo glorifica o edifício dourado de Haram
ash-sharif (4). Segundo a fé muçulmana, foi ali que o fundador
do Islão se encontrou com Jesus, e ambos rezaram juntos. O
Hadith, a tradição muçulmana, diz em nome do profeta: “Nós não
proibimos a crença em Cristo, nós ordenamos que o façam”. Os
muçulmanos identificam o seu profeta com Parácletos, o
Consolador (ver S. João 14:16) (5), cuja vinda foi profetizada
por Jesus. Eles veneram os lugares associados com a vida de
Jesus: o lugar da Ascensão, o Túmulo de Lázaro e o Santo
Sepulcro estão adjacentes a uma mesquita e são perfeitamente
acessíveis aos cristãos. Eles proclamam-No o Messias, o Ungido,
o Habitante do Paraíso. Esta ideia religiosa, familiar aos
Nestorianos (6) e a outras igrejas primitivas, mas rejeitada
pela principal corrente cristã, abriu as portas aos judeus que
se sentiam apertados no estrito monoteísmo judaico. Por isso
muitos judeus e cristãos da Palestina do século VII aceitaram o
Islão e se tornaram muçulmanos palestinos. Permanecem nas suas
aldeias e não foram para a Polónia ou Inglaterra, não aprenderam
o iídiche, não estudaram o Talmude, mas continuaram a apascentar
os seus rebanhos e a plantar as suas amendoeiras, e
mantiveram-se fiéis à sua terra e à grande ideia da fraternidade
entre os homens.
A sul de Hebron, nas
ruínas de Susiah, pode ver-se como no decurso de dois séculos
uma sinagoga
lentamente se transformou numa mesquita, à medida que a população das
cavernas próximas foi abandonando a fé exclusivista dos
feiticeiros da Babilónia e adoptou o Islão. Estes pastores ainda
aí vivem, nas mesmas cavernas. No ano passado, o exército
israelita tentou por duas vezes expulsá-los para fornecer espaço
aos novos colonizadores de Brooklyn.
Por que razão, nesta
estação do florir das amendoeiras, eu me ponho a pensar no
delicado assunto das atitudes judaica e muçulmana para com
Cristo? Porque alguém tem de parar os moinhos de ódio operados
pelos apoiantes de Israel. Porque a linguagem codificada
“Judeo-Cristã” está a ser usada para justificar o arame farpado
em volta da igreja de Birim e os tanques que cercam Belém.
Porque há o dever de eliminar os obstáculos do caminho dos
cegos.
A maioria dos cristãos
sionistas são almas transviadas, gente com boas intenções mas
poucos conhecimentos. Pensam que “apoiam os judeus”, mas na
verdade promovem o espírito de ódio a Cristo entre os judeus.
Não foi em vão que um herói da Bíblia Sionista, o Exodus de Leon
Uris, tinha um cartaz no seu quarto com este dizer: “Nós
crucificámos Cristo”. Não foi em vão que um soldado israelita no
bloqueio estradal a Belém, me disse ontem: “Nós matamos as
bestas à fome”, referindo-se aos nativos cristãos da cidade da
Natividade. Não foi em vão que o Evangelho foi queimado numa
estaca em Israel, enquanto a literatura anti-Evangelho é
largamente difundida; que os novos judeus imigrantes que abraçam
o Cristianismo são perseguidos e deportados; que todo o pregador
da fé de Cristo em Israel pode ser mandado para a prisão segundo
as novas leis anti-cristãs; que os arqueólogos israelitas
arrasam os lugares e os monumentos sagrados cristãos da face da
Terra Santa.
Para os líderes dos
sionistas cristãos, que por certo conhecem estes factos, mas
guiam o seu inocente rebanho no caminho para o Anti-Cristo, eu
digo: “Porém o que escandalizar um destes pequeninos, que
crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço a
mó que um asno faz girar, e que o lançassem no fundo do mar”
(S. Mateus 18:6).
Aos meus irmãos judeus
eu digo: opiniões dos judeus medievais não nos obrigam. Todo o
judeu pode decidir por si mesmo, quer para rezar pela destruição
dos gentios, quer para compartilhar as bênçãos da Terra Santa
com os aldeões de Birim e Belém. Dentro do povo judeu, há sempre
descendentes espirituais dos profetas que quiseram trazer a paz
e a bênção a todos os filhos de Adão. Tão verdadeiro como este
florescimento das amendoeiras, em vós a profecia será cumprida.
“Todas as nações da terra vos abençoarão! (Deut. 7) ¶
(1 )Grande financeiro
americano e vigarista internacional (n. 1932). Em 1983 foi
acusado de subtrair 48 milhões de dólares ao erário público e de
ter cometido 51 fraudes fiscais, Fugiu para a Suíça, mas foi
perdoado pelo Presidente W. Clinton, talvez por na América das
“possibilidades ilimitadas” os grandes vigaristas serem
admirados como “grandes homens”.
LUSO.
(2) Edward D.
Wood, Jr.
(1924-1978), considerado por uns o melhor, por outros, o pior
realizador do mundo, especializado no filme sinistro ou de
horror, muito ao gosto da subcultura americana. LUSO
(3) Hassids ( =
piedosos), membros dum movimento místico judaico, surgido no
século XVIII na Europa oriental. Combateram a doutrina
talmúdica. LUSO
(4) Haram ash-sharif,
ou al-Haram al-qudsii ash-sharif, que quer dizer, mais ou menos,
“o sagrado santuário do representante do Profeta” é um conjunto
de edifícios religiosos em Jerusalém, que os Palestinos
continuam a considerar a sua capital, embora ocupada pelos
israelitas desde 1967. Desse santuário faz parte a Mesquita
al-Aqsa, recentemente em foco, porque os Palestinos se opuseram
a obras que os israelitas fizeram junto dela e pareciam minar as
fundações do templo. Deduzindo, o edifício dourado que tem o
nome de Cristo é um dos muitos templos deste santuário
muçulmano. LUSO
(5) Parákletos é
palavra grega que significa ‘defensor, consolador, intercessor’.
Costuma entender-se como o próprio Cristo divino e humano. Logo,
Maomé seria um novo Cristo. LUSO
(6) Segundo os
Cristão nestorianos, há em Cristo duas pessoas distintas, a
humana e a divina. LUSO
Os judeus na Rússia
e na Palestina: uma comparação
Israel Shamir
Dias negros caíram sobre o povo de Israel;
negros porque tudo o que nossos pais e nós próprios dissemos,
chorámos, e lamentámos foi tão genuíno como uma nota de 3
dólares (1). Em 1968, pintei numa parede na URSS: “Fora da
Checoslováquia!”
O poeta russo-judeu Alexander Galitch cantou com
a sua bela voz de baixo: “Cidadãos, a nossa Pátria está em
perigo! Os nossos tanques rolam num país estrangeiro!”
Segurando um tal letreiro, alguns judeus saíram para a Praça
Vermelha, onde foram espancados pela polícia. Como cidadãos
russos que zelavam pela honra mesmo quando isto contrariava um
patriotismo mal compreendido, nós protestámos contra os tanques
russos que rolavam em Budapest, Praga e Kabul. Passaram muitos
anos. Agora são os tanques judeus que rolam numa terra
estrangeira. Não rolam apenas — matam civis pacíficos,
destruindo casas, mantendo milhões de Palestinos macilentos e
bloqueados. Esperar-se-ia que muitos intelectuais judeus sairiam
para as praças de Israel e outros lugares públicos para
protestarem contra isso?
Mas absolutamente nada disso aconteceu. Os
nossos intelectuais apenas celebraram os nossos “valentes
combatentes judaicos”, as mão firmes e o olhar preciso dos nosso
atiradores judaicos, e o ilimitado humanismo do povo judaico,
que era capazes de transformar todos os goyim (2)
palestinos em carne picada, mas se limitava a ferir apenas
algumas centenas por dia.
Activistas dos “direitos humanos”, tais como
Sharansky, opuseram-se às leis da propiska (registo de
residência) (3), do mesmo modo que os nossos avós tinham lutado
contra a Reserva de Residência(4) sob o czar. Mas depois que os
nosso avós ganharam a sua batalha, eles arrebanharam os goyim
palestinos em reservas, comparada com as quais a Reserva de
Residência do czar se parece com uma sociedade aberta: um
palestino não pode visitar uma aldeia próxima da sua sem pedir
autorização aos israelitas, sem ser revistado e sem que lhe
inspeccionem os documentos. Claro que ele nem sequer sonharia em
ir ver o mar, a poucos quilómetros da sua casa.
Os judeus protestaram contra a discriminação no
trabalho e nas escolas. Mas agora criaram um sistema de total
discriminação nacional. Dum total de 13.000 trabalhadores na
Companhia de Electricidade de Israel, apenas seis são goyim.
Ou seja: 0, 0004%!
Os goyim compreendem 40% da população
desde a Jordânia até ao mar, mas apenas um quarto deles é
autorizado a votar. Não há um único goy no Supremo
Tribunal israelita, no ramo executivo do governo, entre os
generais, na aviação, ou nos serviços secretos. Não um único
goy a trabalhar no jornal israelita Haaretz.
Aquilo que os judeus têm dito na Rússia devia
ser re-escrito em vista dos acontecimentos recentes. Temos
lutado não pelos direitos humanos, mas apenas pelos direitos
judaicos. Temos advogado a liberdade de movimento e de escolha
de ocupação apenas para os judeus. Não somos contra os nossos
tanques que rolam em terras estrangeiras, somos apenas contra os
tanques russos.
E quando vemos uma infeliz criança de mãos no ar
diante duma arma apontada para ela, temos pena apenas se se
tratar duma criança judaica. O filho de goy pode ser
morto à vontade.
Quando Byálik (5) escreveu “o diabo não inventou
um castigo apropriado para a morte duma criança”, ele
aparentemente só via uma criança judaica. Quando ele ficou
aterrorizado por visões de pogroms (6), ele ficou
aterrorizado porque eram pogroms contra judeus. Um
pogrom em si mesmo é uma ocorrência habitual e normal.
Recentemente, os judeus da Nazaré Superior fizeram um pogrom
contra os árabes de Nazaré Inferior, mas nenhum dos seus
executantes foi processado. Pelo contrário, a polícia matou a
tiro algumas vítimas do pogrom. E ainda outro pogrom
em escala maciça foi perpetrado contra a pacífica e inocente
vila palestina de Beth Jallah.
Na Rússia czarista — que os nossos avós
amaldiçoavam de todas as maneiras e acabaram por arruinar — os
pogroms mataram menos pessoas durante cem anos do que nós
matámos na Palestina numa só semana. O pogrom mais
terrível, o de Kishinev (na Moldávia) tirou a vida a 45 pessoas
e fez 600 feridos. O número total das recentes vítimas árabes
dos israelitas, desde Setembro até agora (31 de Outubro de 2000)
é 150 mortos e 4.000 feridos.
Depois de um pogrom na Rússia, centenas
de honestos goyim, os escritores russos e toda a
intelligentzia, levantaram a voz contra os executantes que
participaram na violência. Mas em Israel, apenas uma mão cheia
protestou, enquanto que a União dos Escritores Judaicos apoiou
os assassinos israelitas.
Quando em 1991 os judeus na Rússia defenderam os
direitos à propriedade privada em desafio ao Comunismo, eles
referiam-se apenas aos direitos de propriedade dos judeus,
porque a propriedade privada dos goyim nós confiscámos
livremente, como se não pertencesse a ninguém.
Ide a pé pelas zonas de luxo de Jerusalém —
Talbieh, velha Catamon, os velhos bairros dos gregos e alemães.
Todos estes palácios pertenceram a gentios — alemães, arménios,
gregos, palestinos, ortodoxos e muçulmanos.
Foram confiscados e dados a judeus.
Recentemente, centenas de hectares foram confiscadas aos gentios
e dúzias de casas palestinas foram destruídas.
O ricaço judeu-russo Gusinsky voou para Israel
para nos apoiar na nossa luta. Não há muito apelou à comunidade
mundial, na altura em que a Rússia estava a libertar a televisão
das suas cadeias. O seu apoio ao estado de “Israel” significa
que Gusinsky concorda com a segregação e prisões baseadas na
etnicidade. Ele só é contra a confiscação da propriedade
judaica. Ele é contra a prisão de judeus. Os goyim podem
estar presos durante décadas sem serem julgados em tribunais,
que é o que acontece no nosso estado judaico.
Que é que nós não fizemos igual aos nazis
alemães? O seu racismo? Não o temos menor. O jornal de Jerusalém
de língua russa, “Priamáia Retch” (7) realizou um
inquérito entre os judeus russos em relação às suas atitudes
para com os palestinos. Os judeus russos disseram: “Eu quero
matar todos os árabes”, “Todos os árabes devem ser mortos.”
Temos de admitir que éramos contra o racismo
desde que ele fosse dirigido contra nós. Éramos contra o nazismo
quando ele era um nazismo estrangeiro. Mas os nossos próprios
carniceiros judaicos são objecto da nossa complacência.
Diante de nós há duas vias abertas. Podemos,
como o povo de Nínive, arrepender-nos, entregar os bens
rapinados, conceder inteira igualdade, parar com a discriminação
e esperar o perdão de Deus. Ou então, persistir nos nossos
pecados, como os habitantes de Sodoma, e preparar-nos para o
fogo e o enxofre que hão de cair dos céus furiosos da
Palestina. ¶
(1)Não há notas de 3
dólares. LUSO
(2) goy, pl. goyim,
palavra hebraica, significa “gentio, não judeu”, qualquer coisa
como “boi” ou “gado”. LUSO
(3) Palavra russa,
“permissão de residência temporária”.
LUSO
(4) ‘Pale of
Settlement’ (ing.)
= paliçada de fixação.
LUSO
(5)Poeta judeu de
origem russa. LUSO
(6)Pogrom, palavra
russa (lê-se pagróm), significa “devastação, destruição”. LUSO
(7) “Discurso
directo” (russo)
Clio
(1)
Amordaçada
Israel Shamir
(...)
“Sem dúvida alguma o Holocausto é o único
domínio da História vigorosamente proibido, e se alguém
pretender investigá-lo encontrar-se-á no mar alto de águas
profundas (2). O velho caso dos sacrifícios humanos judaicos
ressurgiu recentemente na Itália com a publicação do livro do
Dr. Ariel Toaff, “Páscoas de Sangue”. Como já devem saber, o
Prof. Toaff provou que alguns judeus acusados de raptarem e
matarem crianças cristãs na Idade Média foram na verdade
culpados desse crime. Eles foram executados por assassínio
brutal e não foram vítimas de alegado preconceito cristão ou
anti-semitismo primário. Pode pensar-se que seria motivo para
celebrar: os criminosos não apenas ficaram com o labéu, mas
foram devidamente punidos; justiça foi feita e os modernos
judeus deveriam estar felizes porque o mito medieval contra os
judeus não era afinal um mito, semelhante ao mito de os alemães
transformarem judeus em sabão.
Mas as organizações judaicas não ficaram de modo
algum felizes. Elas atacaram o Professor judaico de Estudos
Judaicos Medievais numa Universidade israelita; o Dr. Toaff
mentalmente torturado, quase crucificado, retirou e destruiu o
livro (afortunadamente nos nossos dias isso não é fácil, e o
livro pode ser lido na rede em
www.vho.org/aaargh/fran/livres7/pasque.pdf) (3), entregou
a pequena soma pecuniária que recebera do editor à inquisição
judaica do ADL (4), e foi forçado a um novo acto de
arrependimento.
O Parlamento israelita (Knesset) planeia mandar
o Dr. Toaff para a prisão, outros tencionam processá-lo, e fazer
dele um miserável ex-comunicado. Aqui na Itália, é natural
comparar o Dr. Toaff com Galileu, o grande sábio italiano, que
foi perseguido pela sua descoberta científica e preferiu o
arrependimento à morte pelo fogo.
Mas o caso do Dr. Toaff compara-se melhor com o
de seu colega italiano Dr. Carlo Ginzburg, o autor de “O Sábado
das Bruxas”. Ginzburg provou que os friulanos, isto é, o povo de
Friuli, vizinhos de Veneza, entregavam-se à Magia Negra, que
resultara do velho ritual da fertilidade. Toaff conseguiu o
mesmo resultado em relação aos judeus, concluindo que eles se
entregavam também à Magia Negra, que proviera do seu antigo
culto da vingança e da salvação pelo sangue. Contudo, os
friulanos permaneceram serenos, enquanto os judeus quase
lincharam o Professor, provando assim que os friulanos têm uma
mente aberta que pode olhar com simples curiosidade para as más
acções dos seus antepassados, enquanto os judeus não se podem
conformar com a sua não-exclusividade, a sua não-eleição, a sua
não-sacralização.
Juntamente com o Dr. Ginzburg, o Dr. Toaff
completou o processo de reavaliação da Idade Média, que foi tão
bem descrita por Mircea Eliade no seu livro “Ocultismo, Bruxaria
e Modos Culturais”. Eliade escreveu: “Há uns 80 anos, os
proeminentes académicos Joseph Hansen e Henry Charles Lee
consideravam a magia negra uma invenção da inquisição, não dos
feiticeiros. Eles consideravam as histórias do Sábado das
bruxas, os ritos satânicos, as orgias e crimes como sendo uma
fantasia ou o resultado de confissões forçadas pela tortura.
“Agora sabemos — escreve Eliade — que a magia negra não foi
inventada pela inquisição”. Nem, podemos acrescentar, foram por
ela realizados os sacrifícios humanos dos judeus que se tinham
julgado provados para além de qualquer dúvida razoável.
(...)
Mas, se se pode extrair uma lição destes antigos
casos criminais, ela é que o sentido europeu de justiça e
equidade prevaleceu invariavelmente; enquanto os judeus culpados
eram punidos, os judeus inocentes viviam e prosperavam como a
única comunidade não-cristã da Europa.
A justiça muçulmana não era pior também. Em
Damasco, em 1840, um frade católico foi morto por alguns judeus,
que confessaram o seu crime e foram punidos. Mas isto não
interferiu com a prosperidade dos seus correligionários, e
Frakhi, um judeu de Acre, era considerado o homem mais rico da
Síria, mesmo depois desse caso ter sido arrumado. O caso foi
investigado pelo grande orientalista, Sir Richard Burton, o
cônsul britânico em Damasco, que começou por se confessar
judeófilo (“Se eu tivesse a possibilidade de escolha da minha
raça, de boa vontade escolheria a judaica”), mas aceitou a
sentença contra os judeus neste caso, e escreveu uma complexa
exposição do mesmo. Os judeus de Londres pagaram bom dinheiro
para comprarem o manuscrito de Burton que nunca chegou a ser
publicado até hoje, e se mantém guardado nas caves da Mesa de
Deputados dos Judeus Britânicos. Um jornalista judeu britânico,
Aaranovitch criticou a Síria por um seu ministro se ter atrevido
a escrever sobre o assunto, mas nunca mencionou a investigação
de Burton, e apenas exclamou “é um libelo de sangue”, como se
isto explicasse tudo.
Na verdade, antes de haver o Holocausto havia
libelo de sangue. Quando se lê textos judaicos ou judeófilos de
antes da II Guerra Mundial, nota-se que o lugar actualmente
ocupado pelo dogma do Holocausto no universo judeocêntrico não
estava desocupado; estava tomado pelos pogroms da Rússia
, pelo julgamento de Dreyfus, pela Inquisição, pela expulsão da
Espanha, pela destruição do Templo, e em grande parte pelo
“libelo de sangue”. Todos estes assuntos portavam a mesma
mensagem: o sofrimento dos Judeus, eterno, único, sem motivo e
sem razão, causado pelo ódio irracional dos Gentios; e uniam e
mobilizavam os Judeus contra os Gentios; e transformavam alguma
inveja, hostilidade e desconfiança em piedade, chegando mesmo a
criar complexos de culpa entre os melhores goyim.
O caso do Dr. Toaff pode ajudar os nossos
amigos, que estão muito envolvidos com a narrativa do
Holocausto, a verem a questão. Respeito os dissidentes/
negadores por irem contra a corrente, mas não compartilho do seu
entusiasmo. Sim, estas histórias de sofrimento único e imerecido
pode ser contradito em bases factuais. Isto foi o que o Dr.
Serge Thion fez em relação ao Holocausto, notando que Elie
Wiesel, a grande narradora do Holocausto, preferiu ficar com os
seus perseguidores nazis a ficar com os seus libertadores
russos. Isto foi o que o Dr. Toaff e Sir Richard fizeram a
respeito dos sacrifícios de sangue, provando que a reacção das
autoridades foi comensurada e legítima.
O historiador russo Kojinov estudou os
pogroms russos e provou que foram mortos nestes encontros
violentos mais não-judeus do que judeus. O maior e mais
sangrento pogrom, o de Kishinev, foi descrito por Biálik,
o poeta nacional judaico, como o maior dos massacres com sangue
a correr pelas ruas, e em recente número do Haaretz, um
jornalista israelita escreveu que “ninguém duvida do direito da
nação judaica à existência porque os Cristãos em Kishinev no
princípio do século XX meteram as unhas nos olhos das crianças
judaicas.” Contudo, em oposição aos casos dos bébés italianos e
ingleses torturados até à morte pelos mágicos negros judaicos,
as alegações de “unhas pelos olhos dentro, etc.” eram um voo
imaginativo, enquanto o número total de mortos em Kishinev foi
de 45, um quarto dos mortos de Deir Yassin, a ceifa de um mês da
Intifada.
E assim é com todas as histórias de sofrimento
não provocado, de modo que por que nos preocuparmos se a única
coisa que os produtores das narrativas pretendem é transmitir a
ideia de que os Judeus são únicos e especiais, sofreram mais do
que qualquer outro povo, e é por isso que eles têm direito a
fazerem o que querem e são os melhores que há, enquanto que quem
duvida está obcecado por anti-semitismo místico Estas narrativas
são produzidas para despertarem a fúria contra os seus alegados
perseguidores, c’est tout.
Eu muito detesto estas histórias de vitimização,
e não somente porque elas são factualmente fracas. As Histórias
de vitimização não são o resultado, mas uma causa de
sofrimento. Sempre que estas histórias de perseguição não
provocada aparecem, não tenhamos dúvida: os seus promotores
estão preparando uma atrocidade bestial da sua autoria. Os
judeus brandiram a história do holocausto e arrasaram a pacífica
população palestina em 1948. Os arménios recitaram a história do
seu sofrimento não provocado e único e massacraram inocentes
civis azeris em Karabakh na guerra e 1991-94 (1), mandando
centenas de milhares de refugiados para Baku. Polacos e Checos
inflamados por histórias do seu sofrimento sob o Reich
expulsaram milhões de alemães étnicos das suas terra ancestrais,
enquanto os ucranianos que contavam as suas histórias de
sofrimento em Rzecz Pospolita massacraram os polacos de
Volhinia aos milhares.(2)
(...)
Voltando ao assunto, se os Turcos mataram, os
Arménios provocaram; e sempre que havia acções contra os Judeus,
elas tinham sido causadas por acções dos Judeus. Na verdade,
sendo um perfeito negador, eu nego a própria existência do
anti-semitismo, o “ódio irracional contra os Judeus”. Não
existe. A Judiaria foi combatida, sempre por qualquer potência,
desde a Igreja Católica até à Standard Oil Company. Os Judeus
não são cordeiros, mas sim um factor activo da vida económica e
ideológica. Pode-se ser a favor ou contra eles. Mas, “ódio”?
Certamente que não. Os não-judeus têm sido usualmente mais leais
para os Judeus do que estes para eles. Mesmo o “libelo de
sangue” acaba por ser não um libelo, mas um regular caso do foro
criminal.
Houve acções anti-judaicas na Europa e no Médio
Oriente? Sem dúvida que houve. Mas, foram causadas por “ódio
irracional”? Ódio...uma ova! Em 1911, o governo dos EUA desfez o
poderoso império de John D. Rockefeller. Não sendo judeu,
Rockefeller não podia alegar que se tratava de amti-semitismo.
Ele não disse que fora por causa de eles não gostarem do seu
aspecto, da sua raça, da sua criação, maneiras, ou que fora como
castigo divino pelos seus pecados. Eles romperam com a Standard
Oil Company porque ela se tornara excessivamente poderosa. Pela
mesma boa razão, o Presidente russo Vladimir Putin rebentou com
a companhia petrolífera dos seus indisciplinados oligarcas. Não
porque eram judeus ou porque apoiavam a democracia. O poder cria
uma necessidade de contra-poder, a força provoca uma
contra-força. e os Judeus eram e são um poder.
A Judiaria é mais forte do que a Igreja
Católica, como aprendemos do destino do cientista italiano com
quem podemos comparar o Dr. Toaff. Ontem, muito perto da praça
principal, vi uma placa comemorativa de Giordano Bruno (3), o
mártir da ciência. Dizia: “Ele foi morto pela Igreja Católica, a
inimiga da ciência”. Folheai centenas de livros, percorrei a
Internet, e lereis que a Igreja é culpada deste crime: “Toda a
Igreja? TODOS os biliões de Católicos do Brasil até à Polónia,
são culpados? Que desfaçatez! Vocês são anti-católicos!” Na
verdade, o falecido Papa até pediu desculpa por isso, como era
seu hábito.
Em vão procurareis uma placa comemorativa do
filósofo judeu, cientista e céptico, o Rabi Samuel Ibn Zarza, o
autor de Milal Yofi, que exprimiu as suas dúvidas sobre a
Criação e foi queimado na fogueira em Valência — por ordem dos
Judeus. Agora, fico à espera que me gritem. “Todos os Judeus?
Anti-semita!” Quê? Ninguém diz nada? Pois bem, prossigamos. No
“Livro de Linhagens”, um livro judaico do século XV, que tive o
prazer de traduzir (para inglês), há um dito de falso
brilhantismo: “Quando os rabis leram ‘O ano tal e tal desde a
criação do mundo, este Zarza pôs a mão na barba e aludiu à
pré-existência do mundo, segurando os cabelos da sua barba. O
Rabi-chefe Isaac Campanton levantou-se do seu lugar e disse: Por
que é que esta sarça (zarza) não arde? Ponhamos-lhe fogo!” (Este
trocadilho alude ao Êxodo 3:3) (4).
Os rabis levaram-no ao tribunal e fizeram que o
condenassem à morte pelo fogo por ter confessado a
pré-existência do mundo.
Assim, houve dois cientistas, ambos mortos pelo
fogo, um mandado para a fogueira pela Igreja e o outro dado para
a fogueira pelos Judeus. Se procurarmos encontraremos outros
casos semelhantes. Samuel Ibn Zarza foi executado pelo tribunal
por instigação dos Judeus. Há indícios de que os Judeus
estiveram também activos por trás das cenas em mandar Giordano
Bruno para a morte. Giordano Bruno chamava aos Judeus “raça
pestilencial, leprosa e publicamente perigosa que merecia ser
desenraizada e destruída mesmo antes do seu nascimento”
(Giordano Bruno, Spacio della Bestia trionfante (1584).
Esta opinião contribuiu para a sua execução, pois já então, os
Judeus tinham acesso aos espiões das autoridades, e havia sempre
oficiais prontos a seguirem as suas ordens. Mas no caso de
Bruno, não há traços visíveis, e por isso o seu caso é
conhecido, enquanto o caso de Samuel Ibn Zarza está esquecido ou
sonegado.
Se abrirdes a Wikipedia, editada por
judeus, lereis: “Embora Samuel Shalom ( sábio judaico do século
XVI) afirme que Zarza foi queimado na fogueira pelo tribunal de
Valência por denúncia do Rabi Campanton, que o acusou de negar a
criação do mundo, os historiadores provaram que esta suposição é
mera lenda.” Assim, o Ministro da Verdade judaico, que critica e
faz história, ainda pode decidir e estabelecer o que foi que
aconteceu e o que permanece como “mera lenda”. A Igreja Católica
não pode nem sonhar ter uma tal capacidade.
É possível quantificar o poder judaico? Há meses
o semanário britânico “Economist” publicou um mapa
desusual do mundo: o território de um país era representado em
tamanho proporcional ao seu PNB. Era um mapa revelador: a Índia
era mais pequena do que a Holanda, toda a América Latina era do
tamanho da Itália; Israel era maior do que todos os seus
vizinhos árabes. Este mapa não era exactamente o mapa do poder.
A fim de desenhar o verdadeiro mapa do mundo deviam ser
considerados outros parâmetros também: o poder militar, a
capacidade convencional e nuclear, a influência discursiva
ligada à produção de filmes, livros, jornais, cátedras
universitárias, posições internacionais. Num tal mapa do poder,
a Judiaria pareceria bastante impressionante. Os Judeus são uma
importante potência no mundo em que vivemos. É uma potência de
primeira grandeza, mais forte do que a Igreja Católica,
certamente mais forte do que a Itália ou qualquer estado europeu
individual, mais forte do que a Shell e a Agip (5) ou qualquer
corporação trans-nacional.
Nos estudos do espaço interstelar, há um
fenómeno chamado “buraco negro”: uma estrela muito densa e
pesada que altera a geografia do espaço circundante e os raios
de luz não podem escapar à armadilha gravitacional que ela cria.
Tal buraco negro é invisível porque é demasiado poderoso. Do
mesmo modo, a Judiaria é um buraco negro. É tão poderosas que
não pode ser vista. Ninguém tem a permissão de a ver. Este é o
tabu mais forte da actualidade. A famosa discussão da “cauda que
abana o cão”, a respeito do lobby judaico nos EUA, é uma
tentativa de rodear o tabu, sem o destruir. Na verdade, um
pequeno país do Médio Oriente chamado Israel não tem
possibilidade de “abanar o cão EUA”. O lobby israelita do
AIPAC (6) e outros não podem influenciar muito, malgrado os
seus esforços. Mas o lobby israelita e o estado de Israel são
percebidos como manifestações do Buraco Negro, do grande
Inominável: a Judiaria.
Num recente debate entre James Petras (7) e
Norman Finkelstein (8), o Dr. Petras aproxima-se muito da
realidade quando descreve o lobby pró-Israel como ”um inteiro
cordão de cabeças pró-sionistas do American Enterprise
Institute para baixo, e... toda uma configuração de poder,
que não só envolve o AIPAC, mas também os Presidentes das
maiores organizações judaicas americanas, em número de 52... e
indivíduos que ocupam posições cruciais no governo (Elliot Abram
e Paul Wolfowitz, Douglas Feith e outros),... o exército dos
escritores de opinião que têm acesso aos maiores jornais... os
super-ricos contribuintes do Partido Democrático, os grandes
magnates dos Media com influência no Congresso e no Executivo”.
Não é um lobby, é a Judiaria.
Por que razão é a Judiaria tão poderosa agora?
No meu livro “Pardes” (9), eu dei uma explicação: sendo
historicamente uma igreja alternativa, a Judiaria tinha um
inimigo tradicional na igreja Apostólica. Quando a influência
predominante da Igreja Católica Romana desapareceu a igreja
alternativa veio ao de cima. Mas se esta explicação é demasiado
complicada, ou inaceitável aos estritos materialistas, pode-se
traduzi-la em dólares e libras.
Recentemente, o pandita judaico Zev Chafets
ergueu-se em defesa do desportista americano Richardson que foi
suspenso por dizer que os Judeus são poderosos e astutos. Disse
ele: “Os Judeus têm o melhor sistema de segurança do mundo.
Estiveram alguma vez no aeroporto de Tel Aviv? São na verdade
astuciosos. Ouçam, eles são odiados por todo o mundo, por isso
têm de ser astuciosos. Têm muito poder neste mundo, sabem o que
quero dizer? Eu penso que é grande. Não penso que haja qualquer
coisa de errado nisso. Se olharem para maior parte dos desportos
profissionais, eles são dirigidos por judeus. Se olharem para
muitas das corporações mais bem sucedidas, elas são geridas por
judeus. Não é mentira, eles são mesmo gente manhosa”.
Chafets insistiu: “Desculpem-me lá, mas
Richardson não disse nada ofensivo. De facto, os Judeus, como
pessoas, são espertos. Diz-me a experiência. E eles têm orgulho
nisso (especialmente os patetas). Que outras coisas
ofensivas o Richardson quereria dizer? Que Israel tem a melhor
segurança de aeroportos do mundo? Isso é verdade e Israel
gaba-se disso. Que os Judeus são odiados e precisam de
proteger-se? Isso é a premissa básica da própria Liga
Anti-Difamação. Claro, Richardson exagera quando diz que os
Judeus possuem a maior parte dos grupos desportivos. Tanto
quanto sei, os Judeus (cerca de 1% da população) somente
possuem metade dos grupos na NBA (10) (e uma boa proporção
também no beisebol e no futebol). E depois? Quanto à observação
de que os judeus dirigem muitos negócios de êxito, é verdade. Os
Judeus são muito provavelmente o grupo étnico mais bem sucedido
economicamente nos EUA. E que importância tem isso?”
A esta pergunta (“Que importância tem isso?”)
respondeu David C. Johnston no New York Times. Ele
escreveu: “A desigualdade [nos EUA] nos vencimentos cresceu
significativamente em 2005, com 1% dos Americanos — aqueles com
vencimentos nesse ano de mais do que $348.000, recebendo a sua
maior fatia do produto nacional desde 1928, como mostra a
análise dos recentemente publicados dados tributários. Estes
novos dados mostram que 300.000 americanos, colectivamente,
tiveram um vencimento tão grande como o dos restantes 150
milhões. Por pessoa, o grupo superior recebeu 440 vezes mais do
que a pessoa média de baixo, quase duplicando o desnível de
1980.”
Uma pergunta a que Johnston não responde (nem
sequer põe) é: “dos 300.000 americanos do topo que
colectivamente receberam tanto vencimento como os 150 milhões de
baixo, quantos pertencem ao “grupo étnico mais bem sucedido
economicamente nos EUA”? Não é de esperar que — na ausência duma
igreja nacional ou outros limitadores não-económicos — a sua
influência na política dos EUA seja grosso modo
proporcional ao seu vencimento conjunto ?”
“Democracia” é um sistema político ideal em que
cada pessoa tem um voto e todos os votos são iguais. Este ideal
pode dificilmente ser realizado, mesmo na inexistência da
desigualdade económica, pois há sempre mais ou menos pessoas
influentes pelas suas capacidades. Nas condições descritas por
Johnston, quando um membro da elite tem o vencimento de 500
pessoas comuns, a democracia está seriamente minada. Mas este
ideal está logo traído se estas pessoas da elite possuem os
meios de comunicação de massas e assim têm capacidade de moldar
a mundivisão dos outros. Concordo sinceramente com Frau Merkel
que disse: “Uma imprensa livre é uma das pedras básicas da nossa
sociedade e a base de todas as liberdades.”. Mas não sei por que
ela considera a imprensa livre, se é possuída pelos donos
dos media, judeus e judeófilos, como Alfred Neven Du
Mont, dono de uma das mais antigas casas editoras da Alemanha e
dono em parte do jornal israelita Haaretz (ela falou na festa de
aniversário dele) ou o vosso próprio Berlusconi? Por que razão
esta imprensa é mais livre do que a imprensa controlada pelo
Estado na Rússia de Putin? Um estado pode ao menos pretender que
representa todos os seus cidadãos.
Por que sublinho “donos dos media, judeus
e judeófilos”? Não bastava dizer “donos dos media”? Não,
na verdade. Um Haretz de DuMont pode publicar uma peça
intitulada “Confissões de um racista anti-germânico”, mas
um jornal alemão de DuMont não poderia nunca publicar tal peça
por um homem que não goste dos Judeus. A judeofilia integra os
donos dos media e seus pertences numa máquina
totalitária, como a ideologia comunistas integrava todos os
media soviéticos num dispositivo totalitário (e chato).
Esta comparação pode ser desenvolvida: nos EUA e no Ocidente em
geral, a Judiaria ocupa as alturas controladoras que eram
próprias do Partido Comunista na URSS: praticamente sem ser
mencionado na Constituição, formalmente não fazendo parte do
aparelho de Estado, este corpo opaco controla todos os processos
e não é controlado por forças externas. O Joe Public não
é representado na mesa das principais Organizações
Judaico-americanas , do mesmo modo que Ivan Publicov não
o era no Politburo.
Outrora, esta posição era ocupada pela Igreja.
As campanhas anti-clericais consumiam muita da energia e do
pensamento populares no fim do século XIX e começos do século
XX. A principal queixa era que a igreja controlava a sociedade,
mas não era controlada pela sociedade. O Partido Comunista na
Rússia (ou o fascista no vosso país, com todas as diferenças
reconhecidas e admitidas) enfrentou a mesma queixa. Agora é
tempo de nos voltarmos para o novo usurpador, pois a maioria não
elegeu a Judiaria para guiar e controlar o seu processo de
pensamento. A excessiva influência da Judiaria é um indicador da
falta de democracia: num país verdadeiramente democrático, a
Judiaria teria uma influência proporcional ao seu número. Mas a
história ainda não acabou e a liberdade pode chegar mandando a
Judiaria pelo mesmo caminho da Igreja e do Partido, isto é, para
um modesto nicho da nossa dinâmica sociedade.
Os revisionistas do Holocausto acreditam que o
poder judaico entrará em colapso se a história do Holocausto for
minada. Eles acreditam que “o poder judaico está baseado na
mentira”. Não concordo. O poder da Judiaria é bem real, é
baseado no dinheiro, na ideologia e em tudo em que um poder pode
basear-se. Este poder real pode e deve ser desfeito, e então a
história do Holocausto não terá interesse para ninguém a não ser
para um parente próximo.
Levada pelo amor da liberdade e compaixão, esta
solução será boa para os judeus individuais, Qual é a posição do
judeu individual em relação à Judiaria? É a mesma que a dum
membro individual dum Partido em relação ao Partido. Nos últimos
dias da União Soviética, havia 16 milhões de membros do Partido;
era lucrativo ser membro; mas quando a filiação deixou de trazer
benefícios, o número dos membros encolheu para algumas centenas
de milhar. Não se veja isso como tragédia. Os comunistas de
ontem recuperaram a liberdade. Alguns deles (como Ieltsin)
tornaram-se anti–comunistas, outros abandonaram a política para
seguirem o credo religioso, ou fazer comércio ou negócios.
Aqueles comunistas que permaneceram também não lamentam o
colapso, pois separaram-se dos hipócritas e não têm de tentar
agradar a milhões de pequenos burgueses, e podem proclamar a sua
verdadeira crença.
Do mesmo modo, desfazer a Judiaria, levando a
sua influência à proporção do seu número, provocará um êxodo
ideológico em massa. Dos 16 milhões de Judeus, provavelmente
algumas centenas de milhar permanecerão fieis à Lei Mosaica e
ao Talmude e ao estudo da Cabala (que passem bem!), enquanto os
restantes encontrarão outros interesses e fidelidades (que
passem bem igualmente!). Todos eles ficarão agradecidos a
dissidentes como o Dr. Toaff que enterrou o mito do
anti-semitismo e os ajudou a recuperar a liberdade.
Não podem eles ser livres neste enquadramento
actual da Judiaria? Nos anos de 1970-80, uma questão semelhante
se levantou a respeito da liberdade e pluralismo dentro o
Partido Comunista. Não teve solução. Ora a Judiaria não é menos
monolítica do que o Partido, permite um certo espalhe de
opiniões, mas este espalhe é muito restrito. À direita, temos
Gilad Sharon (11), que quer despojar os não-judeus da cidadania
israelita; à esquerda temos Uri Avnery (12), que na verdade
propõe o mesmo. Podemos e devemos ajudar os Judeus a recuperarem
a liberdade, como os membros do Partido, e antes deles, os
atendentes da Igreja, foram ajudados a recuperar a sua liberdade
de escolha. (13) ¶
(1)Uma guerra local
que passou inteiramente desapercebida entre nós:
Nagorno-Karabakh no tempo da URSS fazia parte do Azerbaijão, mas
era predominantemente de população arménia. Desfeita a URSS, a
Arménia fez a guerra contra os Azeris de 1991-1994 para
recuperar território que considerava seu. Dois pequenos países
do Cáucaso, de língua e religião nominal muito diferentes. LUSO
(2)Volhinia = Região
fronteiriça entre a Ucrânia e a Polónia, limitada
aproximadamente entre os rios Bug e Pripiat’. Mais um exemplo da
política de promiscuidade nacional da URSS, que está a ser
imitada pela “U.E”.
Rzecz pospolita
(polaco) é o nome oficial dum estado federativo formado pela
união de dois feudos nobres fronteiriços no século XVI. Parece
fazer parte hoje da Bielorússia. LUSO
(3) Padre dominicano
(1548-1600) morreu na fogueira como herético que não quis
“arrepender-se” do seu pensamento. LUSO
(4)”Disse, pois,
Moisés: Irei, e verei esta grande visão, e por que causa se não
consome a sarça”. Ex 3:3. LUSO
5) Agip = Azienda
Nazionale Italiana Petroli. LUSO
(6) AIPAC =
American Israel Pubblic Affairs Committee, o poderoso lobby
israelita nos EUA.
LUSO
(7) Influente
sociólogo de Nova Iorque, esquerdista. Escreveu uma carta aberta
a José Saramago exprobrando-o de condenar a guerrilha
colombiana.LUSO
(8) Judeu
norte-americano, autor do livro “A Indústria do Holocausto”.
LUSO
(9) Institute of
Jewish Studies, em Jerusalém. LUSO
(10)National
Basketball Association.
LUSO
(11) Gilad Sharon,
filho mais novo de Ariel Sharon, racista como seu pai, destruiu
documentação que lhe fora pedida pelo tribunal que queria julgar
Ariel em caso de corrupção. LUSO
(12) Uri Avnery,
activista israelita pela paz. Parece que ele propõe dois estados
na Terra Santa: um judaico e outro árabe. E assim se compreende
a afirmação de Israel Shamir. LUSO
(13) Na verdade, não
vejo em que a Igreja possa comparar-se ao Partido Comunista da
URSS, nem à Judiaria moderna. Talvez o autor se refira à Igreja
do século XVI na Península Ibérica, em que os Judeus foram
obrigados a converter-se ao Catolicismo ou a emigrarem. Se é
este o caso, o autor deveria ter-se-lhe referido
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