Os
Mestres da Derrota
O
Império em Retirada e a Fanfarronada Belicosa
James Petras, Setembro de 2008
(James Petras é um professor
universitário reformado de Sociologia, em Nova Iorque)
{“Washington está forçado a ver outras potências a modelarem os
acontecimentos”,
Financial Time 25/8/2008}
Introdução
Para
onde quer que olhemos, a política imperial US tem sofrido
grandes derrotas militares e diplomáticas. Com o respaldo do
Congresso Democrático, o esforço agressivo da Casa Branca
Republicana na construção dum império global por meios militares
levou a um declínio geral da influência dos US no mundo, ao
realinhamento de antigos governantes clientes com adversários
imperiais, à emergência de competidores hegemónicos e à perda de
fontes cruciais de matérias primas. As derrotas e as perdas não
amorteceram as políticas militaristas nem extinguiram o impulso
para a edificação imperial. Pelo contrário, tanto os
responsáveis do Congresso como da Casa Branca endureceram as
suas posições militaristas, reiteraram um estilo de confrontação
na política e uma acrescida confiança na sua atitude belicosa em
relação ao estrangeiro, a fim de distraírem a populaça doméstica
das suas condições económicas em deterioração. À medida que
aumenta o custo político e económico da sustentação do império,
à medida que o governo federal investe centenas de biliões no
sector financeiro acossado pela crise e corta biliões nos
impostos às corporações para evitar o colapso e a recessão, todo
o ónus económico é suportado pelas classes dos assalariados e
empregados na forma de um nível de vida decrescente, enquanto 12
milhões de trabalhadores imigrantes são sujeitos à selvática
repressão da polícia do estado.
Nota
do tradutor: A decepcionante ilusão dos paranóicos nefelibatas que
administram os US e dos seus eleitores, que aparentemente julgam
que os US são a super- hiperpotência como nunca houve outra
igual, reduz este país e esta gente à condição anímica e
civilizacional que existiu há já milhares de anos com os
semi-selvagens imperadores persas e romanos e outros. Mas a
culpa não é só deles, mas também dos ingénuos e estúpidos do
resto do mundo que incensam os assassinos de índios e outros,
julgando-os super homens criadores duma civilização de alto
nível. Bush e seus cúmplices mostraram-nos à saciedade essa
civilização superior, que impunemente assassina milhões de
inocentes.
Contudo, os falhanços ultramarinos e as crises domésticas não
levaram a alternativas positivas; os beneficiários são
competidores estrangeiros e a elite doméstica. Em grande medida,
onde as maiorias da opinião pública expressaram o desejo ou
clamaram por alternativas positivas, elas foram amarfanhadas por
agentes políticos ao serviço dos ideólogos militaristas e das
elites corporativas.
Paradoxalmente, as derrotas e o declínio do esforço imperial
dos US têm sido acompanhados pelo recúo dos movimentos
anti-guerra norte-americanos e ocidentais europeus e pelo
acentuado declínio dos partidos políticos e regimes que se opõem
ao imperialismo dos US em todos os países capitalistas
avançados. Por outras palavras, as derrotas sofridas pelo
Império US não foram produzidas pela Esquerda Ocidental, nem
levaram a um “dividendo de paz” ou a melhorados níveis de vida
das classes operárias ou camponesas. Na medida em que há
beneficiários, eles encontram-se entre os novos países que
aspiram a império económico, como a China, a Rússia e a Índia,
entre os países ricos em petróleo do Médio Oriente, e
especialmente no largo espaço dos grandes países de exportação
agro-mineral, como o Brasil, África do Sul e Irão, que se
talharam importantes colocações nas suas áreas.
O
crescimento e a expansão no estrangeiro dos novos países de
expansão económica imperial e suas classes dominadoras
agro-minero-financeiras (com a possível excepção da Venezuela)
beneficiaram grandemente uma pequena elite, compreendendo não
mais do que vinte por cento da população. O relativo declínio do
imperialismo militar americano e a ascensão de novos poderes
imperialistas económicos redistribuíram a riqueza e o mercado
entre países e não entre as classes dentro das potências
emergentes. Enquanto os especuladores militaristas sionistas e
financeiros dominam o Império norte-americano, os novos
bilionários, empresários, especuladores imobiliários e
exportadores agro-minerários dominam os emergentes impérios
económicos.
O
segundo paradoxo encontra-se no facto de que as forças políticas
que derrotam militarmente o império americano, centrado nas suas
forças militares, não são as forças que beneficiam da luta.
Enquanto a resistência iraquiana e afegã obrigou o Tesouro
norte-americano a uma despesa de quase um trilião de dólares e
imobilizou mais de 2 milhões de tropas rotativas US por mais de
6 anos, são os Chineses, Indianos, Russos, Europeus, a Gulf Oil
e as classes financeiras dominantes, que colheram os benefícios
das despesas maciças americanas improdutivas. Enquanto os novos
beneficiários económicos são, em grande parte, seculares,
imperiais e elitistas, as forças político-militares que minam e
derrotam o império militar dos US são religiosas (Islâmicas),
nacionalistas e formadas pelas massas populacionais.
As
derrotas contemporâneas sofridas pelo aparelho imperial militar
dos US não são produto dos movimentos de massa esquerdistas
ocidentais. Nem resultam numa sociedade igualitária e
progressiva. Em vez disso temos economias altamente desiguais a
crescerem rapidamente, dirigidas por classes governantes que
promovem as suas próprias versões “nacionais” das estratégias
neo-liberais de mercado livre, que maximizam os lucros por meio
da exploração económica da mão de obra, extracção dos recursos e
pilhagem do meio ambiente. Até que os movimentos de massa, os
intelectuais e os activistas do Ocidente rompam a sua
passividade e cega obediência aos principais partidos
existentes, a derrota do militarismo US será um encargo
dispendioso para as massas do Terceiro Mundo, enquanto os
benefícios irão acumular-se nos novos emergentes imperialismos
bilionários económicos.
A Geografia dos Falhanços Imperiais e a Retirada
Médio Oriente: O Iraque e o Afeganistão
O
ascendente do aparelho imperial dos US, dirigido pelos
militares, pôs mais uma vez em evidência a sua total
incapacidade para impor uma nova ordem imperial. Depois de seis
anos e meio de guerra e ocupação do Iraque, os US sofreram
enormes baixas militares e para cima de meio trilião em perdas
económicas, sem ter conseguido quaisquer ganhos políticos ou
militares ou em recursos naturais. As perdas derivadas da guerra
geraram oposição doméstica à intervenção militar dos US, o que
fragilizou a actual e a futura capacidade militar imperial. Até
o governante fantoche do Iraque nomeado pelos US, Al Maliki,
pediu a fixação duma data para a retirada das tropas americanas.
O cliente afegão dos US, o presidente Karzai, pediu uma maior
supervisão das operações militares americanas que já mataram
milhares de não combatentes e civis, aprofundando e espalhando
assim o apoio à resistência nacional que agora opera por todo o
país.
Para
aqueles nos EUA, particularmente na “Esquerda”, que erradamente
argumentavam que a invasão do Iraque era uma “Guerra do
Petróleo” (em vez de guerra em apoio das ambições hegemónicas de
Israel), a assinatura de um contrato petrolífero de três
biliões de dólares entre o Iraque e a ‘China National
Petroleum Corporation’ em Agosto de 2008 (Financial Time,
28/8/2008) demonstra o contrário, a não ser que se queira rever
aquele apelativo para “Guerra do Petróleo da China”. Nos 6 anos
desde que os US invadiram o Iraque, as companhias de petróleo
norte-americanas não conseguiram fazer quaisquer negócios
importantes.
Em 4-5
de Outubro de 2008, a Shell, uma das maiores multinacionais do
petróleo no mundo, e a OMV, uma empresa de energia austríaca,
apadrinharão uma conferência em Teherão sob os auspícios da
Companhia Nacional Iraniana para a Exportação do Petróleo, a fim
de promoverem as “oportunidades de exportação de petróleo da
República Iraniana dom Irão”. Esta conferência é simplesmente
mais um exemplo do papel desempenhado pelas maiores companhias
petroleiras, que tentam por meios pacíficos edificar as suas
empresas ultramarinas (‘império económico’). A maior oposição a
este movimento ‘petróleo para a paz’ da parte da Shell Oil veio
do principal promotor judeu sionista dos US empenhado por Israel
nas guerras do Médio Oriente – a Anti-Difamation League,
que criticou o Big Oil. Segundo os seus dois principais
líderes, Glen Lewy e Abe Foxman, “...estas duas companhias estão
apadrinhando uma conferência com a empresa de energia do Estado
promotor do terrorismo e violador dos direitos humanos. Mas
promovendo uma das indústrias estratégicas do Irão, o petróleo,
a OMV e a Shell estão criando obstáculos ao esforço dos estados
responsáveis (sic) e empresas para isolarem o Irão.
O
conflito entre a Shell/OMV e uma importante organização
americana judaico-sionista lança luz sobre o conflito
fundamental entre o esforço imperial económico e o esforço
imperial militar. O facto da Shell e da OMV avançarem com a
conferência iraniana mostra pelo menos que alguns sectores da
indústria do petróleo estão finalmente a desafiar o
estrangulamento que os militaristas sionistas impuseram na
política do Médio Oriente. Depois de terem perdido dezenas de
biliões de dólares em lucrativos contractos graças às políticas
ditadas pelos sionistas, as companhias petroleiras estão
finalmente a fazer as primeiras tentativas de formulação de uma
nova política.
Prosseguindo a agenda sionista israelo-americana de consecutivas
guerras e sanções contra os países muçulmanos ricos em
petróleo, Washington perdeu o acesso, o controlo e os lucros a
favor dos seus competidores económicos globais numa região
estratégica.
África
Na
nação africana da Somália, Washington optou pela intervenção
militar através do intermediário regime ditatorial etíope de
Meles Zenawi para reforçar o desacreditado e derrotado regime
fantoche pró-US de Abdullah Yusuf. Após quase dois anos, os
etíopes e o regime fantoche apenas controlam alguns bairros da
capital, Mogadiscio, enquanto o resto do país está nas mãos da
resistência somali.
Segundo o Financial Times (28/8/12008), o regime etíope
“expressou o desejo de acabar com o seu empenho militar na
Somália”. O delegado dos norte-americanos foi derrotado política
e militarmente; os US não conseguiram obter apoio para o seu
mandatário da parte da União Africana. Por toda a África, China,
União Europeia, Japão, Rússia e em menor grau Índia e Brasil,
todos conseguiram fazer incursões na realização de
empreendimentos conjuntos a respeito de petróleo, mercados de
exportação de matérias primas e investimentos em larga escala e
longo prazo em infra-estruturas, enquanto os US armavam os
separatistas no Sudão e subsidiavam o corrupto regime de Mubarak
no Egipto com mais de um bilião de dólares por ano. Não só o
império US perdeu economicamente a favor dos seus competidores
globais, mas também sofreu uma grande derrota
militar-diplomática na Somália e enfraqueceu severamente o seu
cliente etíope tanto política como financeiramente.
Ásia do Sul
Na
Ásia do Sul, o governante fantoche estratégico dos US, o
paquistanês Musharaff foi forçado a demitir-se –- e a fraca e
dividida coligação eleitoral que o substituiu não foi capaz de
opor-se ao apoio militar, diplomático e de espionagem para a
guerra dos US no Afeganistão que Musharaff providenciava. A
fronteira Paquistão-Afeganistão é virtualmente território aberto
aos ataques transfronteiriços, fornecimentos militares e
recrutamentos pelas organizações da resistência afegã. A perda
do poder de Musharaff mina ainda mais os esforços US para
estabelecer um posto avançado no Afeganistão.
Por meio de frequentes ataques terrestres e aéreos nas
regiões do Paquistão fronteiriças do Afeganistão, a ‘coligação’
US-NATO multiplicou, aprofundou e produziu oposição maciça
política civil e armada através do país. A ‘eleição’ do cliente
dos US, condenado bandido e senhor da guerra, Asif Ali Zadari,
a Presidente do Paquistão, não contribuirá de modo algum para a
recuperação da Influência dos US fora dos muito limitados e
elitistas círculos político e militar. A prossecução e extensão
do imperialismo militar do Afeganistão ao Paquistão tem levado a
cada vez mais severa derrota política entre uma cada vez mais
extensa população da Ásia do Sul.
Os oficiais e generais de topo da NATO reconheceram que
os ‘Taliban’ se reorganizaram e estenderam a sua influência por
todo o país, controlando a maior parte das vias de comunicação
para as maiores cidade e até operam dentro e nos arredores de
Kabul. Os repetidos bombardeamentos e ataques com mísseis dos US
às casas civis, celebrações culturais e mercados alienaram vasto
número de Afegãos e levaram a uma oposição generalizada contra o
governante cliente dos US, Karzai. As promessas de ambos os
candidatos presidenciais dos US de expandirem consideravelmente
as forças de ocupação no Afeganistão depois de eleitos, apenas
prolongarão a guerra e aprofundarão o enfraquecimento dos
impérios económicos e suas fundações domésticas.
O Cáucaso
A tentativa de Washington de alargar a sua esfera de
influência no Cáucaso por meio dum roubo territorial feito pelo
seu cliente autoritário georgiano, o Presidente Mikhail
Saakashvili, resultou pelo contrário numa profunda derrota das
ambições regionais do sátrapa local. O rompimento político e a
integração com a Rússia da Ossétia do Sul e da Abkházia
representam o fim da irrestrita expansão dos US e da U.E. na
região e um retrocesso num terreno contestado. O precipitado
aventureirismo e a subsequente destruição da economia georgiana
por Saakashvili provocaram uma extensa inquietude interna. Pior
ainda, a Geórgia, os US e os seus clientes do Leste europeu
pedem ‘sanções’ contra a Rússia, ameaçam minar as linhas
estratégicas de fornecimento de energia para a Europa
Ocidental, assim como acabar com a colaboração de Moscovo nas
políticas militares dos US no Afeganistão, no Irão e no Médio
Oriente. Se Washington aumentar as suas ameaças económicas e
militares à Rússia, esta pode fornecer o Irão, a Síria e os
outros adversários dos US com poderosos mísseis anti-aéreos de
médio alcance ultramodernos. Igualmente importante, a Rússia
pode pôr em circulação $200 biliões de dólares em notas do
Tesouro US e pôr em movimento uma queda global desta moeda.
Na Geórgia como em toda a parte, o esforço imperial
militar dá prioridade a um roubo marginal falhado, feito por
cliente de terceira categoria, sobre as relações estratégicas
lucrativas económicas e militares com uma das potências de
petróleo e gás globais e colaboradora crucial nas suas actuais
operações militares no Médio Oriente. Enquanto as relações
económicas com a Rússia se arruínam como consequência do seu
agressivo cerco militar a Moscovo – bases militares na República
Checa, Polónia, Geórgia, Bulgária e Roménia – os construtores do
império europeu ocidental resistem às ameaças militares a favor
da retórica dura e do “diálogo”, a fim de poderem manter laços
estratégicos de energia.
Médio Oriente: Israel e os Árabes
No Médio Oriente, o incondicional apoio dos US à
agressão militar israelita no Líbano, Palestina e Síria, e o
apoio aos clientes árabes fracos e ineficazes levaram a um
rápido declínio da influência dos US. No Líbano, desde a derrota
da invasão israelita de 2006, o Hizbullah literalmente domina a
metade meridional do país – e tem poder de veto dentro do
governo nacional, invertendo o domínio do cliente dos US.
Em Gaza, as tentativas dos US e de Israel para tomarem
o poder e expulsar a Hamas por meio do seu cliente Abbas e
Dahlen acabaram por ser derrotadas e o movimento nacionalista
independente liderado pela Hamas consolidou o seu poder.
O esforço de Washington para recuperar a sua influência
e melhorar a sua imagem entre os governantes árabes moderados e
conservadores, ‘mediando’ um acordo de paz entre Israel e a
Palestina em Annapolis em Novembro de 2007, foi totalmente
destruído pelo aberto e total repúdio por Tel Aviv de todas as
condições básicas apresentadas pela administração Bush.
Washington não tem qualquer influência sobre a expansão colonial
de Israel. Pelo contrário, a política dos US relativamente ao
Médio Oriente está totalmente sujeita ao estado israelita
através da Configuração do Poder Sionista e do seu controlo
sobre o Congresso, escolha do Presidente, os meios de
comunicação de massa e os maiores “think tanks” da
propaganda. Os Sionistas demonstraram o seu poder ditando mesmo
quem podia ou não podia falar na Convenção Nacional Democrática
com a censura sem precedentes ao ex-Presidente Carter, devido
ao seu criticismo humanitário das políticas de Israel para com
os Palestinos. A usurpação israelo-sionista da política dos US
no Médio Oriente levou a perdas estratégicas de investimentos,
mercados, lucros e sociedades para toda a indústria
multinacional do gás e petróleo.
A fusão política dos militaristas imperialistas no
confronto com a Rússia, ao custo das relações económicas
estratégicas, com os militaristas sionistas, promovendo o poder
regional de Israel resultou em múltiplas aventuras militares
falhadas e em tremendas perdas económicas globais.
O Hemisfério Ocidental
A
aplicação da estratégia militarista assim como o relativo
declínio da hegemonia económica levaram às derrotas e falhanços
estratégicos no hemisfério ocidental. Nos fins de 2001,
Washington desafiou e ameaçou fazer represálias contra o
Presidente Chavez por este recusar submeter-se à “guerra contra
o terror” de Bush. Chavez nessa altura informou um bélicoso
representante do Departamento de Estado (Grossman) que: “Não
combatemos o terror com o terror”. Menos de seis meses depois,
em Abril de 2002, Washington apoiou um golpe militar falhado e
entre Dezembro de 2002 e Fevereiro de 2003, um falhado
lockout dos patrões. O falhanço da estratégia militar dos US
devastou os clientes governamentais e militares de Washington, e
radicalizou o governo de Chavez. Como consequência, o líder
venezuelano procedeu à nacionalização dos sectores do petróleo e
ao desenvolvimento de laços estratégicos com os países que
rivalizam ou se opõem ao Império US, tais como Cuba, Irão, China
e Rússia. A Venezuela assinou acordos estratégicos sobre o
petróleo na América Latina com a Argentina, Bolívia, Equador,
Cuba e Nicarágua. Enquanto Washington despejava para cima de $6
biliões de dólares em ajuda militar à Colômbia, a Venezuela
assinava investimentos sobre o gás e o petróleo e acordos
comerciais com a maior parte dos países da América Central e das
Caraíbas, desafiando severamente a influência de Washington na
região.
Os
altos preços dos bens de consumo, a enorme expansão dos mercados
asiáticos, os subsídios e tarifas US inaceitáveis levaram à
relativa independência dos regimes “nacional capitalistas” da
América Latina, que abraçaram o “neo-liberalismo” sem os
constrangimentos do FMI nem os ditames de Washington. Nestas
circunstâncias, os US perderam a maior parte do seu poder – com
excepção das ameaças militares da Colômbia – de pressionar a
América Latina a isolar Chavez – ou mesmo Cuba. A estratégia
militar de Washington resultou no seu próprio isolamento.
As consequências domésticas do falhado esforço militar imperial
O
custo para a economia doméstica do esforço para a edificação dum
império sionista militar tem sido devastador: a competitividade
declinou, a inflação está corrompendo os níveis de vida, os
empregos com vencimentos estáveis desaparecem, o desemprego e a
perda de trabalho estão subindo em flecha, o sistema financeiro
está desligado da economia real e à beira do colapso, a
incapacidade de remissão da hipoteca de casas de habitação está
a atingir um nível catastrófico e os contribuintes são sangrados
de morte pelo pagamento de triliões de dólares aos especuladores
prestamistas. O mal-estar é generalizado. No meio da crise, uma
polícia emergente do estado apoderou-se da situação: milhares de
trabalhadores, imigrantes legais e indocumentados, são apanhados
nas suas fábricas e detidos em campos militares e afastados dos
filhos. As associações muçulmanas e árabes são assaltadas e
processadas com base em informadores corruptos, entre os quais
“testemunhas” israelitas encapotadas. A polícia local e federal
pratica a “detenção preventiva” de activistas e jornalistas
antes das convenções presidenciais, detendo os manifestantes
antes que possam exercer os seus direitos constitucionais e
sistematicamente destroem câmaras e bobines de cidadãos que
tentam documentar os abusos. O imperialismo militar falhado
arrasta na sua esteira um estado policial em botão – e
respaldado por ambos os partidos políticos – em face das crises
económicas que ameaçam as fundações social e política do
império.
Conclusão
A
crise económica no aquecimento da campanha das eleições
presidenciais não levaram à emergência dum candidato alternativo
progressivo fundamentado na massa da população. Tanto o
candidato Democrata com o Republicano prometem prolongar e
estender as guerras imperiais e submeter-se a ditames militares
israelitas sem precedentes a respeito do Irão.
As
crises e as derrotas militares não levaram a repensar nos
cometimentos militares e económicos globais. Pelo contrário,
testemunhamos uma radicalização da ala direita, que procura
escalar confrontações com a China, a Rússia e o Irão. Os US
arrastam na sua esteira os regimes clientes da Europa de Leste,
do Cáucaso e do Báltico, para contrariarem o ênfase da Europa
Ocidental na edificação dum império centrado na economia.
A
realidade de um mundo económico multipolar, contudo, mina
os esforços dos US para imporem uma confrontação militar
bipolar. A China segura $1,2 triliões de dólares em dívida dos
US. A Europa Ocidental, em geral, depende da Rússia em para cima
de um terço da energia de que precisa para suas casas,
escritórios e fábricas. A Alemanha conta com a Rússia para quase
60% do seu gás. As economias da Ásia: Japão, Índia, China,
Vietnam e Coreia do Sul dependem do Médio Oriente e não dos
planos de guerra no Médio Oriente gizados pelos militaristas
israelo-americanos.
O
Brasil, a Rússia, a China, a África do Sul, a Venezuela e o Irão
são essenciais para o funcionamento da economia mundial. Do
mesmo modo que a tripla aliança US-Israel-Reino Unido não pode
aguentar o seu império na base da estratégia militar falhada no
estrangeiro, nem com o desastre económico e a polícia do estado
em casa.¶
Fonte:
http://www.israelshamir.net/Contributors/Petras2.htm
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